"Reação dos fãs brasileiros sempre esteve em um nível acima de qualquer outro país", diz integrante do Hanson
02 de Novembro de 2011
Depois de seis anos, Isaac, Taylor e Zac Hanson voltam ao Brasil nesta sexta-feira (4). Os irmãos iniciam por Porto Alegre a turnê internacional “Shout It Out”, baseada no último disco do trio, lançado em 2010 e ainda inédito no Brasil. Também fazem show em São Paulo no domingo (6), antes de levar a turnê para outros países da América do Sul e Europa.
Fenômeno teen no fim dos anos 1990, o Hanson estourou em 1997 com o single “MmmBop”, de seu primeiro disco, “Middle of Nowhere”, que chegou ao topo das paradas em mais de vinte países. Catorze anos se passaram desde o sucesso meteórico e os meninos cresceram, casaram e se tornaram pais – Taylor tem quatro filhos, Zac e Isaac têm dois – mas continuaram fazendo música.
Quando se apresentaram no Brasil pela primeira vez, em 2000, haviam acabado de lançar o segundo disco em estúdio, “This Time Around”. Em 2005, voltaram para divulgar o disco “Underneath”, lançado no ano anterior. Antes de “Shout It Out”, que deu origem à turnê atual, o trio ainda gravou “The Walk” (2007), que não chegou a ser lançado no Brasil.
Em entrevista exclusiva ao UOL, Isaac Hanson, 30, guitarrista da banda e mais velho dos irmãos, falou sobre a trajetória do trio desde a última visita ao Brasil, a relação com os fãs e a turnê que estão trazendo ao país.
UOL - Faz 11 nos que vocês vieram ao Brasil pela primeira vez, com a turnê “This Time Around”. Quais foram as principais mudanças pelas quais a banda passou desde então?
Isaac Hanson - Aconteceram muitas mudanças desde a nossa primeira viagem ao Brasil. Fundamos nossa própria gravadora, a 3CG Records, em 2003, e lançamos mais discos independentes do que com a nossa gravadora antiga. E a razão por que fizemos isso – nós fizemos um filme a respeito, chamado "Strong Enough to Break" – é que originalmente tínhamos um contrato com uma gravadora que entedia o que era o Hanson musicalmente, mas aconteceram uma série de fusões, a gravadora foi vendida e perdemos todos que estavam envolvidos no sucesso do nosso primeiro disco. Foi muito complicado seguir em frente quando lançamos nosso segundo disco e estávamos tentando fazer o terceiro. Não tínhamos uma boa relação de trabalho com a gravadora. Isso foi uma mudança significativa.
UOL - E o que continua igual no Hanson durante todo esse tempo?
Isaac - Musicalmente, tudo evoluiu, mas existem algumas coisas que permanecem as mesmas desde o início. Fomos muito inspirados pelo R&B e pelo rock dos anos 1960 e final dos 1950. Sempre tivemos uma forte ligação com isso. É daí que vêm músicas como "MMMBop" e “Where’s the Love”. Até mesmo músicas como “This Time Around”, do nosso segundo disco, que têm uma pegada mais blues e gospel, estão enraizadas em uma sonoridade R&B e rock ‘n’ roll sulista. É daí que vem a alma da banda. A harmonia também sempre foi uma parte fundamental de quem somos. E acho que sempre tentamos escrever as melhores canções pop que podemos. Porque amamos canções pop. Achamos que as melhores músicas, aquelas que as pessoas lembram, não importa o gênero, sempre têm uma pegada muito forte e identificável, um bom refrão, um bom gancho melódico. Essas são as coisas que permaneceram iguais.
UOL - Para você, no que “Shout It Out” difere dos trabalhos anteriores do Hanson?
Isaac - Eu acho que o último disco é muito vivo, soa muito real. Há muito pouca produção nele. É um trabalho muito simples. Deveria soar como se a banda tivesse entrado no estúdio, feito o melhor som que uma banda pode fazer e simplesmente tocado o disco para quem está ouvindo. Acho que é assim que o disco soa. Parece uma experiência ao vivo.
UOL - Mas ainda parece Hanson. Ainda é possível identificar a banda dos primeiros discos.
Isaac - Fico feliz que essa seja a impressão. Nos últimos anos, passamos muito tempo refletindo sobre os nossos discos. Fizemos uma versão acústica do nosso primeiro álbum, “Middle of Nowhere”. O que tenho percebido é que poderíamos pegar metade das músicas de qualquer disco nosso e colocar em outro disco e não seria possível notar nenhuma diferença. Acho que, em relação ao primeiro álbum, as pessoas vão achar muito diferente por causa das vozes. Mas, se formos além do fato de que as vozes estão mais maduras, mais profundas, percebe-se que o jeito em que o Taylor canta continua o mesmo, que a maneira como fazemos as harmonias continua a mesma.
UOL - Na primeira vez em que vieram ao Brasil, em 2000, a reação das fãs ao show foi bastante histérica. Vocês ainda têm esse tipo de reação ou o público amadureceu com vocês?
Isaac - A reação das fãs é parecida com o que era no início. Há um nível de entusiasmo bem intenso, quase assustador, às vezes. Mas geralmente contribui para um show muito emocionante. Ainda há muitos gritos e loucura. Mas isso mudou um pouco, porque temos feitos muitas turnês pelos Estados Unidos e tem sido possível falar com os fãs e dar autógrafos depois dos shows. Infelizmente não falamos português e não sei como faremos isso no Brasil. Mas sem dúvida a reação dos fãs brasileiros sempre esteve em um nível acima de qualquer outro país. O nível de entusiasmo e animação sempre foi muito alto e contribuiu para shows muito bons e muita diversão. Estamos muito animados de voltar ao Brasil e eu estou tentando melhorar o meu português. Espero que eu já consiga falar um pouco quando chegarmos aí.
UOL - O que os fãs podem esperar do show?
Isaac - Seremos nós três tocando. Algumas músicas serão tocadas em versão acústica, outras em versão “plugada”. E será um show que vai percorrer todos os nossos 15 anos de música. Os fãs vão ouvir muitas músicas de “This Time Around” e “Middle of Nowhere”, mas também teremos muitas canções do último disco, “Shout It Out”, e outras coisas que fizemos no meio tempo.
UOL - Vocês vão apresentar alguma música inédita?
Isaac - Provavelmente não cantaremos nada que ainda não tenhamos lançado em disco, porque “Shout It Out” está para sair no Brasil e é possível que outro disco, “The Walk”, que não saiu no Brasil, também seja lançado em breve. Serão muitas músicas para as pessoas se familiarizarem. Mas é possível que a gente lance novas músicas em algum momento do próximo ano.
UOL - Em 1997, quando vocês lançaram “Middle of Nowhere”, “MmmBop” chegou ao primeiro lugar das paradas nos Estados Unidos, Inglaterra e outros 25 países. É mais difícil conseguir esse tipo de coisa hoje em dia?
Isaac - Acho que é muito mais difícil conseguir isso hoje. Mas acho que também nunca tinha acontecido antes. “MmmBop” foi muito excepcional, foi uma coisa única. E tivemos muita sorte de que tenha acontecido conosco, com a nossa música. Ficamos muito animados com isso, mas muitas complicações aconteceram em nossas carreiras depois. Mas mesmo que seja muito difícil que um fenômeno como “MmmBop” aconteça novamente, temos muita sorte de, por conta desse sucesso, ter podido manter uma relação com nossos fãs que continua a ser muito forte.
UOL - Vocês três já são pais. Seus filhos entendem o que vocês fazem? Entendem que vocês são famosos?
Isaac - Sim, eles entendem. É engraçado. Eu perguntei para o meu filho mais velho o que o pai dele faz e ele respondeu “Meu pai toca uma guitarra de rock ‘n’ roll”. Outro dia, ele ia me encontrar e eu contei o que iríamos fazer, que ele iria ver um show, e ele disse “Isso parece divertido! Eu quero ver seu show”. Nossos filhos têm uma boa relação com a música e com o que fazemos. Mas eu sou o pai dos meus filhos em primeiro lugar e faço meu melhor para mantê-los com os pés no chão e entender que o que realmente importa são coisas como trabalhar duro, honestidade e tratar as pessoas com respeito. Espero que meus filhos tenham a cabeça no lugar. É o que estou tentando fazer.
UOL - O que vocês escutam em casa, com as crianças? Eles escutam as músicas do Hanson?
Isaac - Eles gostam de ouvir as músicas do pai, mas não coloco para tocar para eles. Minha mulher coloca para eles ouvirem quando eu não estou em casa, mas eu não coloco. Mas, na verdade, eles estão obcecados com Michael Jackson. Pouco mais de um ano atrás, quando saiu o DVD de “This Is It”, meu filho começou a assistir e ficou grudado na TV, não olhou para o lado nem por um segundo. Desde aquele momento, ele se empolgou com a música de Michael Jackson. São as músicas preferidas dos meus dois filhos no momento. Eles adoram dançá-las.
UOL - Taylor montou a banda Tinted Windows com o guitarrista James Iha (ex-Smashing Pumpkins), o baixista Adam Schlesinger (Fountains of Wayne e Ivy) e o bateirista Bun E. Carlos (Cheap Trick). Você e Zac também têm projetos paralelos? O que você pensa sobre isso?
Isaac - Nós apoiamos o que Taylor fez e acho que é possível que o Tinted Windows lance mais músicas no futuro. Taylor gostou muito e os outros caras da banda também se divertiram. Além disso, acho que é possível que eu e o Zac também façamos alguma coisa em paralelo. Eu já tive algumas conversas com algumas pessoas sobre isso. Ainda não sei o que seria. Mas outra coisa que estamos fazendo muito é compor músicas para outras pessoas, um trabalho de bastidores, produzindo discos de outros músicos e coisas desse tipo. É possível que vocês vejam mais disso, especialmente da minha parte. Mas neste momento estamos mais focados em fazer uma boa turnê, porque sentimos que temos uma coisa boa e estamos muito animados em estar de volta.
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