"Por essa, eu não esperava". A frase do ambulante que vendia hambúrgueres em frente ao Citibank Hall, onde a banda americana Hanson se apresentou na noite de ontem (6), foi reproduzida diversas vezes dentro da casa de shows.
Por um fã que chegou atrasado e se espremeu na parede; por jornalistas que tentavam entrar no backstage (alguns agrediam assessores verbalmente); e até pela T4F --organizadora do show--, que improvisou às pressas uma coletiva antes dos portões serem abertos.
Ninguém esperava mesmo que os irmãos Isaac, 30, Taylor, 28, e Zac, 26, ídolos pop da década de 90 e que hoje seguem carreira independente, ainda pudessem fazer fãs passarem mal (uma garota teve de ser socorrida às pressas quando a banda ainda nem havia entrado no palco) e esperarem dias numa fila para conseguir um lugar no gargarejo.
"Você sabe a que horas sai o avião deles para a Argentina?", perguntou à reportagem Fred Jonathas, 24, que quer um assento no voo que o trio tomará, hoje, para Buenos Aires. "É que vou até lá assistir ao show deles na quarta. Não consegui ir ao de Porto Alegre na última sexta". Ele e um grupo de dez meninas faziam vigília em frete ao Citibank Hall desde quinta (3).
Às 20h35, com a casa lotada, o trio subiu ao palco arrancando gritos e lágrimas da plateia. "Isso tudo para eles?", questionou uma jornalista descrente. Se o furor do público é o mesmo de anos atrás, no palco o Hanson mostrou-se bem diferente do que em 1997, quando, ainda adolescentes, ganharam os holofotes.
Ao abrir o show com a animada "Waiting For This", do último disco "Shout It Out" (2010), a banda provou seu valor. As boas viradas de Zac na bateria e o conforto de Isaac na guitarra levantaram a plateia, formada essencialmente por jovens entre 20 e 30 anos.
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Isaac, o mais velhos dos irmãos Hanson, em show no Citibank Hall, em São Paulo |
Seguros, entoaram "Where's The Love", clássico do primeiro álbum "Middle of Nowhere", e "Thinking 'Bout Something", do mais recente. Daí em diante, uma enxurrada de hits e surpresas marcaram a apresentação, pensada para os fãs de longa data.
Boas performances de Taylor no piano em músicas não tão conhecidas do grande público, como "Thinking of You" e a mediana "Crazy Beautiful", alternaram momentos de euforia do público em sucessos como "This Time Around" e "Penny and Me", dos segundo e terceiro discos de estúdio, respectivamente.
Na parte dos solos, a versão de "More Than Anything", faixa do álbum ao vivo "Live From Albertane" (1998) cantada por Isaac, surpreendeu. No entanto, foi no solo de Taylor para "Save Me", balada que integrou a trilha da novela "Laços de Família" (2000), que o mulherio desabou em lágrimas.
Embora o novo repertório tenha ganhado espaço nobre no show (destaque para as ótimas "Give a Little" e "Carry You There"), como esperado, foram os hits "MMMBop" e "If Only" que forçaram os pulmões da plateia e lavaram a alma da banda. Num total de 24 músicas, o grupo encerrou a apresentação com os solos de guitarra de "In The City". Outra música para fã ouvir.
Na saída, mais tumulto. Enquanto dezenas de fãs tentavam o "atendimento" no camarim (foto e autógrafo), mais de uma centena aguardava do lado de fora, esperançosa por um aceno.
"Vai ser difícil chegar perto. Dizem que eles têm medo das brasileiras, pois somos um pouco agressivas. No aeroporto, chegaram a prensar Taylor na parede", diz uma fã entre risos. Por essa, ninguém esperava.
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